Início da Guerra à morte de Antônio Conselheiro

19/03/2014 15:56
A Guerra de Canudos durou um ano e mobilizou mais de 10 mil soldados oriundos de 17 estados brasileiros e   distribuídos em 4 expedições militares. Estima-se que morreram mais de 25 mil pessoas, culminando com a destruição total da cidade.
 
Novembro - 1896
Começa a guerra de Canudos. O pretexto para o seu início foi irrelevante. Antônio Conselheiro precisava de madeira para a Igreja Nova em construção e a encomendou emJuazeiro (BA). O pagamento foi antecipado, mas, no prazo estabelecido, a madeira não foi entregue. Espalhou-se o boato de que a cidade seria invadida pelos conselheiristas. O juiz local, Arlindo Leone, tinha antigas divergências com Conselheiro e resolveu estimular o pânico na cidade. Grande parte dos moradores resolveu atravessar o Rio São Francisco, refugiando-se em Petrolina (PE). Criado o clima propício, o juiz solicitou tropas policiais e foi atendido pelo Governador Luís Viana
 
06 de Novembro - 1896
Parte de Salvador (BA), pela Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco com destino aJuazeiro, a 1a Expedição Militar contra Canudos.
 
No dia 19, a tropa chega a Uauá (BA). O historiador Manoel Neto afirma: "Até alcançar Uauá a trôpega tropa marchou penosos 150 quilômetros. 
 

21 de Novembro - 1896
No amanhecer deste dia a Expedição encontrava-se ainda em Uauá (BA), quando chegam centenas de conselheiristas entoando cânticos, tendo a frente a bandeira do Divino e uma grande cruz de madeira. Foram recebidos a bala pelos sentinelas semi-adormecidos e surpresos. Era a guerra. 

Foram entre 4 e 5 horas de pânico, sangue, horror e gestos de bravura e pânico. 

Passadas várias horas de combate, os canudenses, comandados por João Abade, resolveram se retirar, deixando para trás um quadro desolador.

A derrota surpreendeu o governo e repercutiu negativamente na opinião púbica, mas no sertão aumentou ainda mais o prestígio de Antônio Conselheiro e cresceu muito a quantidade de pessoas que iam para Canudos.

29 de Dezembro - 1896 
Reúne-se em Monte Santo (BA) o efetivo da II Expedição Militar contra Canudos, composta de forças federais e da polícia militar baiana, sob o comando do Major Febrônio de Brito. 

12 de Janeiro - 1897 
Neste dia, em que parte de Monte Santo em direção a Canudos a Expedição Febrônio de Brito, Antônio Conselheiro conclui em Bello Monte suas prédicas em um volumoso livro intitulado Tempestades que se Levantam no Coração de Maria por Ocasião do Mistério da Anunciação, obra manuscrita que contém pensamentos e discursos sobre religião, monarquia, república e escravidão.

18 de Janeiro - 1897
Logo cedo, a Expedição Febrônio de Brito atravessava a Serra do Cambaio quando foi surpreendida por forte emboscada. Houve um grande corre-corre em meio à fuzilaria. A luta durou mais de 5 horas, quando finalmente a força militar prevaleceu e avançou, deixando muitas perdas entre os conselheiristas. 

No final do combate, inúmeros corpos restavam estendidos no chão, a maioria de conselheiristas. 
A lagoa tinha mudado de cor e de nome, desde então passou a se chamar Lagoa do Sangue. 
A expedição não teve mais condições de prosseguir no seu objetivo que era atacar Canudos. Estava arrasada e foi obrigada a um recuo lento e penoso, trazendo consigo um saldo de 10 soldados mortos e 70 feridos.

31 de Janeiro - 1897 
Machado de Assis, que tinha uma coluna no jornal Gazeta de Notícias, neste dia escreve: "Protesto contra a perseguição que se esta fazendo a Antônio Conselheiro". Era uma das poucas vozes contrárias à opinião pública brasileira que exigia novas medidas repressivas contra Canudos após a derrota de duas expedições militares.

07 de Fevereiro - 1897 
Parte de Salvador com destino a Queimadas, a III Expedição Militar contra Canudos, a mais famosa de todas. Depois de dois grandes fracassos militares das expedições anteriores,  ela tinha a responsabilidade de "lavar a honra" do Exército, seguindo equipada com seis canhões Krupp e mais de 1.300 soldados conduzindo 15 milhões de cartuchos. No comando estava o temível Cel. Moreira César, apelidado de "corta-cabeças" devido a sua atuação na repressão ao movimento federalista no sul do país (1893-95)

03 de março  - 1897 
A III Expedição Militar avista Canudos. O Cel. Moreira César euforicamente grita para os seus homens: "Vamos tomar Canudos sem disparar mais um tiro ... à baioneta"

04 de Março - 1897
Durante a madrugada, morre o Cel. Moreira César e assume o comando o Cel. Tamarindo. Logo pela manhã bem cedo, a expedição inicia o caminho de volta. Tudo era como se fosse um pesadelo que ainda não havia terminado, pois Pajeú, um dos principais chefes guerrilheiros de Canudos, liderava seus companheiros em emboscadas que causavam pânico em toda a tropa, transformando a retirada numa debandada geral.

05 de Abril - 1897 
É publicada a Ordem do Dia, criando a IV Expedição Militar contra Canudos. Após a surpreendente derrota da III Expedição, a opinião publica estava histérica e exigia medidas drásticas do governo para uma rápida solução do conflito. Organizou-se então, a maior de todas as expedições, formada por tropas de 17 Estados (BA-SE-PE-PB-AL-RN-PI-MA-PA-ES-MG-SP-RJ-RS-AM-CE-PR), equipadas com os mais modernos armamentos da época.

09 de Abril - 1897
Aporta em Salvador a 1ª Divisão Naval de apoio as operações militares de Canudos. Composta de 5 navios de guerra, os cruzadores 15 de Novembro, Trajano, Andrada,Timbira e Paraíba e o patacho Caravelas. Era a Marinha, também participando da guerra de Canudos.

29 de Junho - 1897 
Explode o canhão Withworth, o célebre 32, trazido pela IV Expedição puxado por 13 juntas de bois e apelidado de "matadeira", devido ao imenso estrago que provocava no meio conselheirista.

01 de Julho - 1897
Um grupo de 11 guerrilheiros conselheiristas, liderados por Joaquim Macambira Filho, investe contra a artilharia do Exército na tentativa frustrada de destruir os canhões que bombardeavam Canudos.

14 de Julho - 1897
Com uma salva de 21 tiros de artilharia, o comando da IV Expedição Militar comemora em pleno sertão nordestino, e em meio a um autêntico massacre contra os conselheiristas, o aniversário da Revolução Francesa: Igualdade, Liberdade e Fraternidade.

18 de Julho - 1897
Os militares promovem contra a resistência canudense o grande assalto de 18 de Julho. Todas as forças foram acionadas e 3.400 homens iniciam a ofensiva. 

23 de Julho - 1897 
O General Artur Oscar, comandante em chefe da IV Expedição, faz um relato dramático da situação das forças militares e pede ao governo federal um reforço de 5.000 soldados. O desânimo predominava em toda a tropa e as baixas chegavam a casa de 2.000 homens.

24 de Julho - 1897
O Governador Luís Viana declara ao jornalista Fávila Nunes correspondente especial de guerra da Gazeta de Noticias (RJ): "Se for pegado Antônio Conselheiro, tudo estará terminado; se porém ele fugir, será preciso persegui-lo onde quer que esteja, para não formar mais grupos".

05 de Agosto - 1897
De Salvador (BA), partem para Canudos 24 estudantes de medicina com o objetivo de servir nos hospitais de sangue do Exército.

07 de Agosto - 1897 
Euclides da Cunha desembarca do vapor Espírito Santo em Salvador (BA), como correspondente de guerra do jornal O Estado de São Paulo, periódico no qual já havia escrito dois artigos intitulados "A Nossa Vendéia", publicados em 14 de Março e 17 de Julho de 1897.

08 de Agosto - 1897
Parte de Monte Santo a famosa Brigada Girard. Formada originalmente por 1.090 homens, com 850 mil cartuchos Mauser, ao longo do caminho foi se reduzindo drasticamente, pois a proximidade do cenário da guerra provocava uma crescente onda de deserções de praças e pedidos de baixas de oficiais que envolveu até mesmo o seu comandante, o General Girard.

30 de Agosto - 1897 
Chega a Queimadas, o Marechal Carlos Machado Bittencourt, Ministro da Guerra. O governo estava alarmado com a possibilidade de mais uma fragorosa derrota, pois dia-a-dia a situação se agravava no acampamento. 

05 de Setembro - 1897
Atingido durante um tiroteio, morre em Canudos, Norberto das Baixas, antigo dono de fazenda em Bom Conselho (atual Cícero Dantas - BA) que foi morar em Bello Monte, transformando-se numa das mais respeitadas lideranças conselheiristas.

07 de Setembro - 1897
Vencendo uma forte resistência dos conselheiristas, o Exército ocupa a Fazenda Velha, tido como o melhor ponto estratégico para o bombardeio a Canudos.

22 de Setembro - 1897
Morre Antônio Conselheiro. Para uns, a causa foi um ferimento provocado por estilhaços de uma granada; para outros, foi "caminheira" (disenteria), e ainda há os que acreditam que ele não morreu em Canudos. Estas são as últimas palavras escritas por Antônio Conselheiro em Bello Monte:

E chegado o momento para me despedir de vos; que pena, que sentimento tão vivo ocasiona esta despedida em minha alma, à vista do modo benévolo, generoso e caridoso com que me tendes tratado, penhorando-me assim bastantemente. São estes os testemunhos que me fazem compreender quanto domina em vossos corações tão belo sentimento! Adeus povo, adeus aves, adeus arvores, adeus campos, aceitai a minha despedida, que bem demonstra as gratas recordações que levo de vós, que jamais se apagarão da lembrança deste peregrino". (Nogueira, 1974:181)

 

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